segunda-feira, 19 de julho de 2010

Harold

Sinto que tem alguém aqui. É, tem sim. Ouço a respiração, os passos e os olhos de vidros atrás de mim.
Apareca! Mostre-se seu covarde!
Uma batida na janela. Olhos dilatados.
Vamos, eu sei que você está aqui, eu sinto, saia daí. AGORA!

Silêncio na porta e Harold continua sozinho, na penumbra na casa mal arrumada.
Alguém do lado de fora ouve o barulho e de longe avista a silhueta trêmula e confusa. Chega perto mas arrepia-se. Oscila e anda em ré, sai correndo.

Não sinto minhas mãos, eu o vejo mas ele não se mexe. Por que diabos ele está me olhando? Tenho que me esconder, esquivar, ele lancará sobre mim mosquitos e gafanhotos. Uma das pragas do egito irá se assombrar sobre mim.
Ó não, o leão, ele está aqui! Está despejando água sobre mim, não, saia, saia, SAIA!

Harold se contorcia no chão, arranhava a madeira com as unhas quebradiças. Pequenos pedaços de retinas eram desperdiçados, cabelos soltos no tapete e cortina.

"Saia, saia! Você é um louco!"

Harold gritou durante a noite toda, pela manhã foi achado no chão com os olhos vidrados banhados de água e algo nos umbrais...

NUNCA MAIS.

4 comentários:

  1. Sempre perguntei, quando eu era menor, se os autores escreviam justamente sobre aquilo que lhes implica a alma. Às vezes fico feliz por saber que os outros são tão normais quanto eu, Às vezes fico feliz por saber que sou apenas tão louco quanto os outros. De qualquer forma, um abraço. Verdadeiro!

    ResponderExcluir
  2. consegui viajar em suas poucas palavras, você nasceu com o dom das palavras! Beijos :*

    ResponderExcluir
  3. Consegui viajar em suas palavras! Você nasceu com o dom das palavras! (2) rsrs. Fico feliz por isso. Um abraço grande, Oxinha. Saudades!

    ResponderExcluir
  4. Sim, o horto é realmente um lugar de energia boa! n___n obrigado Iza!

    ResponderExcluir