domingo, 14 de novembro de 2010

Bolso Laranja

Na tarde nublada, tantas pessoas e uma pedrinha entre elas.
Entrei no ônibus e ele veio atrás de mim, não deixando ninguém passar. Vestia uma calça laranja e uma blusa branca. Sujeito simples, não consegui distinguir aquele olhar, mas pelos cílios, imaginei-o doce. Entrei e ele sentou ao meu lado. Pus minha bolsa para perto. Ouvia música. Viajei em pensamentos, decisões que precisam ser tomadas e no meio da minha confusão, ele me despertou. Ia tirar algo do bolso e eu fiquei imaginando o que seria; ''um celular, algum canivete, algum papel rasbicado de tinta barata?''

E era um biscoito.

Um biscoito... a voz, como que adivinhando, tornou-se doce em meus ouvidos e sem perceber, olhei para o lado e soltei um sorriso discreto.
O menino virou-se. Tinha o olhar duro, sem expressão clara. Voltou a olhar a paisagem cinza desta cidade.
O ponto se aproximava.

Deixei o menino para trás. A pele negra, calma, que retirara toda a inocência e simplicidade do bolso laranja.
Aquele biscoito.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Dia dois

Que eu mantenha a doçura dos teus sonhos de outrora
Por que meu coração ainda chora e ri por ti
Este pequeno, inexperiente e sem graça
Que teima em pronunciar teu nome na chuva...