quarta-feira, 7 de abril de 2010

As gotas caíam ferozmente nas costas. Estava chovendo desde a manhã, antes do nascer do sol. Nuvens negras e mal humoradas.

Há muito vinha me sentindo vazia, sem  inspirações e com a cabeça baixa. Lembrei do armário imposto pelo meu antigo psicologo, sei que me tornei paranóica alternando tons de voz com a mesma pessoas repetidas vezes e não conseguia parar de beber. É certo que preciso de ajuda, ou será que tenho dom para ser atriz? Não, atriz não. Seria matar a arte, vender-me para emissoras e chorar colírios em horário nobre. 
Fui para a varanda, estava cheia de folhas mortas e um grande lencol colorido cobrindo o espelho da antiga cama, esta já abandonada pelos antigos donos, sentei em algum lugar e acendi um cigarro (perdoem-me).
Não quero saber de nenhuma música, nenhum timbre de voz e muito menos de faces.
Minha vida está por um fio e estou farta dos olhares metidos.

E você, compactue comigo, compremos um Neruda, um bom disco de Sarah Vaughan, vamos sentar, beber e ver fotos de Marilyn Monroe. Não se importe com as costas, elas sempre estão perfuradas de céu.