segunda-feira, 29 de março de 2010

29 de Março

-"E foi assim mesmo, assim como a História conta.
Que se dane também, não vou seguir nada não.
Entrei nisso p ser justamente livre e não me venha falar asneiras não
É tudo a mesma coisa mesmo, música, literatura, piano, blues, cigarro e esses cabelos no meu colo.
MARIA! Cade minha dose de uísque?"

Foi só pousar a bolsa na cadeira a lado e sentar que um bombardeio de pensamentos foram lançados.
O sol estava escaldante do lado de fora do restaurante, sorte que tinha uns papéis e não precisei sair para compra-los. Não obstante, a tinta da caneta acabou, no nascimento do A.
Aquela carne cheia de brincos sentou-se e se apresentou. Não deveria saber o porquê e nem queria.
Era ele, eu sabia e ele também.

Ficamos ali, escrevendo e falando asneiras, bêbados.
Trouxe um maço de cigarros [que não fora consumidos, mas como estética, estavam lá. Charme parisiense] e uma garrafa de uísque.

Era um desconhecido até eu descobrir que ele tinha dentro dos olhos a mesma visão da mini biblioteca da rua Brasil.

segunda-feira, 15 de março de 2010

16.03

Cá te mando notícias, quando achas que volta?
Tu não sabes a falta que fazes, nesses domingos frios
Tenho notícias da mãe; está com saudades, manda um abraço a ti
Vó Zaber também, diz que está colhendo aquelas bananas pro teu doce
Tua mulher e filhas mandam beijos

Não mandas um cartão postal por que?
Se estiver sem bufunfa, manda um sinal que nós damos um aperto
Porque pra ti, tudo tem jeito

Homem de bom coração
Olhos límpidos e brilhantes
Quem há de ser o nosso protetor?

Quanto a mim, mando tua passagem de volta
Volta, porque tua falta dói por demais

Pretinho careca, precoce barrigudo
Tu estás aqui sim, aqui dentro
Em vossos corações
Que sabemos que é humilde
De terra batida
Mas de solo fértil



             Ao Tio [eterno e único] Valter, que como resposta, está chorando pelos céus comigo. Eu te amo, pra sempre, meu tio.

quinta-feira, 4 de março de 2010

último pensamento

Liguei a tevê e estava passando o seriado que sempre gostei de assisti.
Desliguei o áudio e aumentei o som.
Sem delongas e sem palavras complexas, era somente eu, as imagens e um som que entrava nas paredes.
Cara, como eu queria ter um gato que fala, uma biblioteca com livros até no chão, um ET que sempre me visita, três amigos para brincar todas as tardes, uma tia bruxa e um tio feiticeiro, uma grande árvore na minha sala, com uma cobra rosa que é doce, doce como a vozinha de duas fadas atrapalhadas ao alto, que divide o doce com o som suave de passarinhos músicos...
Ah! Que doce infância, doces palavras, brincadeiras
E de repente descubro que tenho tudo isto
É, eu tenho sim
Dentro de mim, no âmago que ninguém ousa chegar (e eu nem permito)
Tenho este mundo, só meu, somente meu
Egoísmo? E quem não é?
Infeliz daquele que nega

Tenho um mundo mágico só meu, somente meu

De repente, um passarinho pousa na minha cabeça
Passo a mão e olha!
Tenho um penteado estranho que nunca desce
Parece uma tímida árvore que nasce
Entre o caule dos meus cabelos