-Mamãe, olha o que eu fiz.
Viveu tudo o que tinha de viver. Pulou carnavais da Era do Ouro. Trocou beijos secretos na misteriosa escuridão das agitadas avenidas do Rio de Janeiro.
Viu a vida passar pelos seus olhos, sentiu os melhores toques que a mente pudesse imaginar.
Teceu o mehor tecido.
Costurou a melhor roupa.
Confeccionou os melhores sapatos.
Hoje, vive num mundo paralelo.
Num mundo onde os tecidos são da mais escassa qualidade
Mas os detalhes permanecem
A confusão dos laços e babados nas bonecas
Os nomes no diminutivo
A televisão que grita
Enquanto pacientes dedos acompanham a harmonia silenciosa das lembranças de outrora.