sábado, 18 de dezembro de 2010

Taça

A gente se combina assim: dando tapas e trocando beijos. Eu te odeio, te xingo, te mando ir embora. E você vai, cheio de ódio e rancor. Eu digo que vou embora e você diz: "Vai". Mas chora quando ouve o barulho do avião passar pelo telhado da sua casa.
Lembra de quando ouviamos Chico Buarque juntos, na grama e uma multidão ao redor? Era somente eu e você. Você odiava, mas ouvia, dizendo que ouvir Chico sem pensar em mim não é ouvir Chico.
No dia do teu aniversário, dei a camisa do teu filme predileto. 
No outro dia brigamos.

Você rasgou metade do meu rosto com aquela taça quebrada. Eu rasguei teu peito.


E mesmo assim, Antônio, ainda amo você. Absurdamente. Odiosamente.

Um comentário:

  1. Vou confessar que não entendo muito desse amor "bate e beija", mas gosto muito de como você descreve as coisas. Essa sua simplicidade hermetica que sempre parece esconder coisas maiores em palavras simples me faz lembrar um pouco Clarice. Beijos Iza

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